Avosidade: Os benefícios da relação entre avós e netos

No dia 26 de Julho é comemorado o Dia dos Avós, sabe-se que foi uma data instituída pela Igreja Católica em homenagem a Sant’Ana e Joaquim, pais de Maria, mãe de Jesus, contudo, foi no século XX que se fixou a data, anteriormente comemorada em 20 de Março e posteriormente 10 de Agosto.

Em 2021, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Avós e Idosos, sendo comemorada no 4º domingo do mês de Julho, como forma de se aproximar a data de 26 do mesmo mês, dia de Sant’ Ana e São Joaquim, avós maternos de Jesus. Neste ano, o Dia dos Avós foi comemorado no dia 24 de Julho. 

Tanto na história quanto nas estórias, os avós são exemplos de acolhimento, cuidado e proteção aos netos, além de sabedoria aos demais membros da família, sendo consultados para conselhos dos mais diversos. Nos últimos anos, eles se tornaram figuras centrais na manutenção e organização de domicílios, seja financeiramente ou ainda por assumirem a custódia dos netos.

O perfil dos avós se modifica gradualmente, e assim, a medida que a expectativa de vida aumenta, a convivência entre gerações se estende, sendo possível a coabitação entre avós, netos e bisnetos, e até mesmo a faixa etária diminui, em algumas famílias já é possível conhecer indivíduos que aos seus 35, 40 anos tornaram-se avós.

Contudo, ao contrário do que pode parecer, ser avô independe da idade cronológica e de papel social determinado. A Avosidade é uma função determinada na estruturação psíquica do sujeito, constituída por meios simbólicos, da linguagem e também nas dimensões do imaginário e do real, além de e nos vínculos geracionais familiares (CORREA, 2003 apud SAMPAIO et al, 2021, p. 24566).

Nesse sentido, a imagem dos avós e sua contribuição na vida dos netos perpassa as fases do ciclo vital, ou seja: infância, adolescência e adulta, sendo possível a troca de experiências entre as gerações e a obtenção de benefícios, entre eles, o desenvolvimento emocional ao mais jovem e a ressignificação de papel, no sentido, em que o nascimento de um neto traz por vezes uma motivação maior na permanência em vida e renovação.

Depois dos pais, os avós são os principais mediadores entre as crianças e o mundo, e essenciais na sua socialização. Muitas vezes a relação de Avosidade é vista pelo senso comum como uma relação permissiva, que deixa o neto fazer tudo o que os pais não permitem. Livres das responsabilidades mais cruciais, e de carácter mais punitivo, os avós realmente abrem mais espaço para a expressão dos netos, mas não faz deles sujeitos passivos na criação, e muito menos diminui a importância do aprendizado que passam para os seus progenitores. (DINIZ, 2018, p.56)

Corroborando até mesmo para a aproximação entre familiares, por meio do diálogo e principalmente memórias. Certamente quem conviveu com os avós, tem alguma lembrança, o que é possível para a nova geração, esse “estreitamento de vínculos” dado que muitos idosos mal conheceram seus avós, devido a expectativa de vida chegar aos 60, 70 anos.

Entretanto, há aqueles avós em que foram nomeados com esse papel mas não se identificam, o processo da Avosidade tende a ser algo tenebroso, ou por alguma vivência anterior traumática ou negação, assimilando a figura do avô à incapacidade, inutilidade, e dessa forma, nega-se também a velhice.

Falar de Avosidade é remeter à memória, e nessa perspectiva o poder dado aos avós em ser o início e fim de uma história familiar, deve ser preservado, e a partir daí, quem sabe novas concepções serão trazidas para discussões, para além daquela que oferece colo e conselhos, mas, que possibilita memórias, registros.

Nesse aspecto, a reflexão para conclusão desse texto é a música “o velho e o moço” da banda Los Hermanos, em que a todo momento é feito o diálogo entre o posicionamento do idoso e as cobranças socialmente impostas, e os receios do moço em viver, arriscar. Aos avós, que nos servem de paraquedas para nossas aterrissagens mais “malucas”, nossa sincera gratidão, por jamais desistirem de nós!

O Velho e o Moço – Los Hermanos

Deixo tudo assim
Não me importo em ver
A idade em mim
Ouço o que convém

Eu gosto é do gasto
Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro
A voltar pra mudar o que eu fiz
Quem então agora eu seria?

Ah, tanto faz!
Que não foi não é
E eu sei que ainda vou voltar
Mas eu quem será?

Deixo tudo assim
Não me acanho em ver
Vaidade em mim
Eu digo o que condiz
Eu gosto é do estrago

Sei do escândalo e eles têm razão
Quando vem dizer que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro
A prever e poder
Desistir do que for dar errado?

Ah, ora, se não sou eu quem mais vai decidir
O que é bom pra mim?
Dispenso a previsão

Ah, se o que eu sou é também
O que eu escolhi ser
Aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir

Referências Bibliográficas:

DINIZ, Rafaela.Escuta dos Avós: A Avosidade, o Vínculo, e o Tempo. REVISTA PORTAL de Divulgação, n.56, Ano VIII. Abr/ Mai/ Jun. 2018. p. 56-59. ISSN 2178-3454. Disponível em: <https://revistalongeviver.com.br/index.php/revistaportal/article/viewFile/718/781>. Acesso em: Julho / 2022.

SAMPAIO, Miliana Augusta Pereira et al. A construção da Avosidade na literatura científica Brasileira: uma revisão integrativa de literatura.Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 3, p. 24565-24576,


Agendar um Atendimento