Cuidados Paliativos: Uma abordagem que prioriza a qualidade de vida

O segundo sábado do mês de outubro é marcado pela comemoração do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos (CP). Esse ano será comemorado no dia 8, e se faz cada vez mais importante que um maior número de pessoas tenha acesso à essa abordagem de cuidado.

Cuidado Paliativo é “uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes (adultos e crianças) e famílias que enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida. Previne e alivia o sofrimento através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais ou espirituais. ” (OMS, 2017)

Os princípios gerais dos Cuidados Paliativos, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), são:

  • Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes;
  • Reafirmar a vida e a morte como processos naturais;
  • Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente;
  • Não apressar ou adiar a morte com sofrimento (Distanásia);
  • Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente;
  • Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte;
  • Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto;
  • Evitar tratamentos/abordagens que não trazem benefícios para o paciente e nem são capazes de mudar o curso natural da doença.

A abordagem ao paciente e família deve ser feita por uma equipe interdisciplinar, composta por profissionais de diversas áreas, tais como: Médico, Psicólogo, Fisioterapeuta, Enfermeiro, Assistente Social e demais especialidades, conforme a demanda, que favorecem um olhar sensibilizado, habilitado e atento às questões que implicam um Cuidado Paliativo, conforme citado anteriormente.

No caso da Fisioterapia Paliativa, o objetivo principal é melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas, reduzindo os sintomas e promovendo sua independência funcional. Dentre eles estão incluídos a dor, a dificuldade de respirar (dispnéia), secreção pulmonar, a fadiga e edemas. Os principais recursos utilizados são: terapias manuais, eletroterapia (uso de correntes elétricas para promover analgesia), termoterapia (terapia que utiliza mudança de temperatura) , cinesioterapia (exercícios terapêuticos) apoio espiritual e emocional, relaxamento, oxigenoterapia (uso de oxigênio suplementar), assistência à tosse (técnicas para ajudar na expectoração), drenagem postural (evitar edemas), conservação de energia, higiene brônquica (reduzir a secreção pulmonar), instrução e capacitação de cuidado (educação de cuidadores e familiares) e a escolha dos recursos baseia-se em uma avaliação individualizada e personalizada.

Existe um mito que afirma que os Cuidados Paliativos são indicados somente quando não há “mais nada a se fazer” e o paciente encontra-se em estado terminal. A nossa luta, no dia Mundial de Cuidados Paliativos, é difundir o correto conceito da indicação de CP desde o diagnóstico de uma doença grave, independentemente de sua perspectiva de evolução, e sua abordagem deve ocorrer em conjunto com os cuidados curativos ou modificadores da doença.

Assim, os Cuidados Paliativos podem ser associados eventualmente a outros tratamentos com objetivo de auxiliar no manejo dos sintomas de difícil controle e melhorar as condições clínicas do paciente. Trata-se, portanto, de um processo contínuo e sua dinâmica difere de acordo com os desejos e crenças do paciente e familiares, primando por garantir a qualidade de vida, conforto e dignidade, tanto a quem é cuidado, quanto ao cuidador. 

Entre os benefícios do Cuidado Paliativo destacam-se:

–   O melhor planejamento prévio de cuidados;

–   A melhoria da qualidade de vida e satisfação do paciente e familiares;

–   A redução de sintomas desconfortáveis como a dor e o sofrimento;

–  A menor utilização desnecessária e ineficaz do sistema de saúde;

–  E a possibilidade da morte ocorrer no ambiente domiciliar.

Além disso, trabalhos que avaliam os efeitos da abordagem paliativa demonstram um impacto positivo na saúde mental dos familiares do paciente, mostrando-se como um fator protetor para depressão e para o luto decorrente da morte de um ente querido, visto que o familiar tem a oportunidade de ficar ao lado do seu ente querido durante todo o processo de cuidado, tendo a chance de resgatar vínculos, de se despedir, e de estar presente nas difíceis escolhas na fase final de vida.

As principais doenças com indicação de Cuidados Paliativos são: Doenças cardiovasculares, Neoplasias, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), AIDS e ainda outras de origem genética, degenerativa e progressiva, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e as demências.

Os Cuidados Paliativos podem ser oferecidos em hospitais, ambulatórios, hospices (unidades de cuidados paliativos) e no ambiente domiciliar.

Por fim, uma equipe interdisciplinar alinhada com o foco no cuidado integral do paciente e família, com escuta e comunicação clara e assertiva é de extrema importância, além de desafiador, tendo em vista ainda, o déficit na formação dos profissionais da saúde, que necessitam adquirir a habilidade técnica para oferecer um tratamento de qualidade frente ao sofrimento/dor do outro.


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