Velhice não é doença!

É preciso se reconhecer nas pessoas idosas do nosso entorno “se quisermos assumir em sua totalidade nossa condição humana”. (Simone de Beauvoir)

A partir dessa reflexão proposta pela Filósofa e Intelectual, Simone de Beauvoir (1908-1986), em sua obra “A velhice” (1970), a qual ela aborda sobre o seu processo de envelhecimento e de demais idosos na França, levantando assuntos complexos tais como: violência, que ela chama de “conspiração do silêncio”, servindo de inspiração até os dias de hoje para debates sobre o papel da pessoa idosa na sociedade. 

No ano anterior, 2021, essa questão foi amplamente debatida pelos profissionais que trabalham na área do envelhecimento e pelas pessoas idosas, onde a Organização Mundial da Saúde (OMS), propôs a inserção da nomenclatura velhice para corresponder à uma doença, na CID 11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).

As críticas foram inúmeras a despeito da colocação equivocada do termo, que poderia camuflar causas de óbitos em pessoas idosas, porque simplesmente morreram por “velhice”, complementar à isso, diminuiria o número de pesquisas realizadas que atualmente auxiliam na prevenção, detecção e tratamento de inúmeras doenças que geralmente acometem esse grupo, entre elas, as demências, como Doença de Alzheimer.

No mesmo ano em Dezembro/2021, após o apelo realizado por instituições reconhecidas internacionalmente, a OMS mostrou-se favorável as justificativas e retirou  o termo velhice e o substituiu por declínio da capacidade intrínseca associada ao envelhecimento, e, entrou em vigor desde Janeiro / 2022, na atualização da CID 11. Compreendendo que a pessoa idosa é um ser complexo por questões funcionais e ambientais que devem ser avaliados de acordo com a sua singularidade. Logo, finalizamos essa reflexão com a fala do Dr. Alexandre Kalache ao ser entrevistado: “eu irei morrer de velho, mas, não de velhice”.


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